Terca-Feira, 08 de Julho de 2025

Jubileu na Gastronomia

Postado em: 27-03-2019

Comunicação - Sinhores

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Antonio Porfilho da Silva Filho comanda há 54 anos cozinha do Automóvel Clube, uma das mais tradicionais de Rio Preto


O Rio Preto Automóvel Clube, agremiação com mais de 90 anos de história na cidade, é famoso não apenas pelas atividades esportivas, área de lazer, mas também por sua gastronomia diferenciada. Os restaurantes do clube trabalham com pratos clássicos e cardápio vasto e sempre foram a grande estrela do clube, reunindo os associados informalmente ou em grandes comemorações. Na execução das delícias dos cardápios tanto do Bar Aperitivo como do Restaurante Panorâmico, está o chef Antonio Porfilho da Silva Filho, há impressionantes 52 anos. Sim, há mais de meio século trabalhando no mesmo lugar, Sr Antonio é de fala mansa e jeito simples, mas não se engane: é um monstro na cozinha.

 

O primeiro emprego, por volta dos 13 anos, foi numa banca de revistas, a segunda oportunidade de trabalho foi em uma padaria, o que o levou mais tarde, para a cozinha, mas claro, onde todos os bons cozinheiros começam, talvez a maior escola de gastronomia do mundo, a pia.

 

Já contratado pelo Automóvel Clube, Sr Antonio, começou por lá, também na pia. E sofreu. “Ah tinha alguns chefs que faziam muitas pegadinhas, principalmente na época em que estava na pia, tinha um espanhol, João Martinez Vivanco, ele esquentava o cabo da frigideira de ferro e colocava na pia para lavar, aí pegava pra lavar e queimava a mão, com isso fui ficando mais esperto.” Antônio lembra que esse foi um dos cozinheiros mais severos com quem já trabalhou por lá, mas com quem aprendeu muito na profissão.

 

Com o tempo, da pia passou para auxiliar, teve também a ajuda da diretoria do Automóvel que lhe mandou para um curso intensivo no Senac Águas de São Pedro, onde ganhou muito conhecimento, anos depois também foi mandando pelo clube para uma espécie de intercambio em restaurantes conceituados de São Paulo, tudo para pegar experiência, ganhar conhecimento gastronômico. “Foram experiências marcantes, de muito aprendizado”, relembra o chef.

 

Foi trabalhando nesta cozinha que Sr Antônio sustentou a família, mulher e três filhos. Hoje todos adultos e bem encaminhados na vida, fala com orgulho da mulher, que lutou e venceu um câncer, anos atrás. Sua maior alegria quando fora do trabalho, é estar em família na chácara da família, onde moram.

 

Em mais de cinco décadas de restaurante, Sr Antônio já cozinhou para diversas pessoas conhecidas, políticos, atores, cantores, celebridades em geral que passaram pelo Automóvel Clube, como Trancredo Neves, Laudo Natel que foi duas vezes governador de São Paulo, Tony Tornado, Toquinho (cuja primeira apresentação foi no Automóvel Clube, fato que consta em sua biografia), mais recentemente Zico, que tem uma filial de sua escola de futebol no clube de campo, dentre outros vários nomes. “Todas as personalidades que estiveram no clube nos últimos 50 anos, provaram seus pratos, foram presidentes, como Juscelino Kubitschek, artistas como Elis Regina, Wilson Simonal, personalidades que provavelmente ele nem lembra pra quais cozinhou, pois ele sempre ficou na cozinha, cozinhando com todo o capricho e concentração, para ele nunca houve diferença se quem vai apreciar seus pratos são pessoas famosas, importantes ou pessoas normais, sempre trabalhou com muita dedicação”, afirma Moisés Camargo, diretor social do clube.

 

Para quem quer seguir carreira na gastronomia, Sr Antônio, com toda a sua experiência ensina: “para começar tem que ser na pia, aprender a fazer a limpeza é a primeira coisa, para cozinhar tem que saber limpar, tem que gostar de altas temperaturas e fortes emoções e nunca, jamais, xingar enquanto cozinha, precisa ter amor no que faz, temos que depositar boas energias na comida que preparamos, pois o freguês recebe, se alimenta com o prato e com tudo aquilo de bom que depositamos nos ingredientes enquanto cozinhamos. Se eu xingar uma comida que estou fazendo, o cliente vai se alimentar com essa coisa negativa também, e mesmo que o prato estiver bom, algo vai incomodar e ele não vai voltar.”